O tema definido pelo governo brasileiro para o Dia Mundial sem Tabaco,
lembrado hoje (31), é "Fumar: Faz Mal pra Você, Faz Mal para o Planeta".
Dados do Ministério da Saúde indicam que o percentual de fumantes no
país passou de 16,2% em 2006 para 14,8% no ano passado. É a primeira vez
que o índice fica abaixo dos 15%.
A pesquisa Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel), divulgada em abril, indica ainda que a frequência
de fumantes continua maior entre os homens: 18,1% contra 12% entre as
mulheres. Mesmo assim, a população masculina lidera os números sobre a
redução do tabagismo no país, já que 25% deles declararam ter deixado de
fumar, contra 19% entre pessoas do sexo feminino.
Humberto
Fernandes dos Santos, 44 anos, é um dos brasileiros que conseguiram
largar o vício. O aposentado começou a fumar aos 16 anos, por
curiosidade. Depois disso, tentou parar por três vezes, mas só conseguiu
abandonar o cigarro em 2008, aos 41 anos. “Apresentei alguns problemas
de saúde, inclusive arritmia cardíaca. De lá para cá, não fumei mais”,
contou.
As primeiras semanas na tentativa de cortar o vício, segundo ele, são as mais difíceis.
“Você
sempre se lembra do cigarro. Para me controlar, parei de beber café,
comecei a fazer exercícios e passei a estudar regularmente para ocupar a
mente. É uma luta diária, mas desde que parei de fumar, percebi que
estou mais tranquilo e respirando melhor”.
As secretarias de
Saúde em todo o país têm atividades agendadas para hoje, com o objetivo
de reforçar o combate ao tabaco. No Distrito Federal, representantes da
Coordenação do Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de
Risco de Câncer participam de ações na Ala Mário Covas da Câmara
Federal. Servidores e visitantes poderão fazer exames, como o que mede a
capacidade respiratória, o teste de dependência química, a aferição de
pressão arterial e ocular e a avaliação odontológica para câncer de
boca.
Na capital paulista, das 10h às 15h, profissionais do
Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas estarão no vão
livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) distribuindo folhetos
informativos sobre o uso do tabaco, do álcool e de outras drogas. Serão
realizados também testes de dependência, avaliação odontológica e testes
para avaliar o índice de monóxido de carbono no pulmão de fumantes. As
pessoas que apresentarem alto risco de dependência serão encaminhadas a
serviços especializados para tratamento gratuito.
No Ceará, o
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes promoverá
exposição das substâncias prejudiciais à saúde contidas no cigarro, das
11h às 14h. De acordo com a Secretaria de Saúde local, a fumaça do
cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico,
amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos
veículos), além de substâncias cancerígenas, corantes e agrotóxicos em
altas concentrações.
Tabaco é segunda causa de mortes no mundo
No
Dia Mundial sem Tabaco, lembrado hoje (31), a Organização Mundial da
Saúde (OMS) alerta que o uso de produtos derivados do fumo é a segunda
causa de mortalidade no mundo, respondendo por um em cada dez óbitos
registrados entre adultos. O fumo só perde, em número de mortes, para a
hipertensão.
O tema deste ano é Interferência da Indústria do
Tabaco. O objetivo é expor e combater tentativas consideradas pela OMS
como “descaradas e cada vez mais agressivas” de minar os esforços no
controle da substância.
Umas das críticas aborda, por exemplo,
ações para acabar com as campanhas de advertências sanitárias que
ilustram as embalagens de cigarro. As empresas, de acordo com a OMS, têm
processado países, utilizando como argumento tratados bilaterais de
investimentos e alegando que as imagens e os dizeres atingem o direito
de utilizar marcas legalmente registradas.
Outro problema citado
pela entidade trata das tentativas, também por parte da indústria do
tabaco, de acabar com leis que proíbem o fumo em locais públicos
fechados e que limitam a publicidade de produtos derivados da
substância.
O fumo é considerado pela OMS como uma das principais
causas preveníveis de morte em todo o mundo. Entretanto, o cenário
traçado pelo órgão é de epidemia global, já que o tabaco mata quase 6
milhões de pessoas todos os anos – mais de 600 mil delas são fumantes
passivos.
“A menos que tomemos uma atitude, o tabaco vai matar
mais de 8 milhões de pessoas [ao ano] até 2030, sendo mais de 80% em
países de baixa e média renda”, ressaltou a OMS, em nota.
Fonte: Ag. Brasil