Uma empresa recheada de nomes graúdos, como James Cameron (diretor dos
filmes de bilheteria bilionária "Titanic" e "Avatar") e Larry Page
(criador do Google), anunciou ontem seus planos de promover mineração em
asteroides próximos da Terra.
A companhia, batizada de Planetary Resources Inc., espera fazer a
extração de recursos escassos na Terra em bólidos celestes que se
aproximem da órbita de nosso planeta, membros do grupo de corpos
celestes conhecidos como NEOs ("objetos perto da Terra", na sigla
inglesa).
Eles calculam que o negócio poderia movimentar dezenas de bilhões de dólares.
Durante a coletiva que revelou os planos da empresa, Peter Diamandis,
cofundador e codiretor da firma, destacou que um único asteroide de 500
metros rico em platina contém mais desse metal que tudo o que já foi
minerado na Terra na história.
"Muitos metais e minerais escassos existem em quantidade quase infinita
no espaço", disse. "Conforme o acesso a eles aumentar, cairá o custo de
tudo, incluindo desfibriladores, dispositivos portáteis, televisões e
monitores de computador."
Diamandis ficou conhecido nos círculos da exploração espacial depois de
ter criado o Prêmio X, que incentivou a criação das primeiras naves
suborbitais destinadas ao turismo espacial (agora em fase de testes pela
empresa Virgin Galactic).
MISSÃO MAPEADA
Antes mesmo de se revelar ao mercado, a Planetary Resources fez sua
lição de casa. Ela estima que, dos cerca de 9.000 asteroides próximos da
Terra, cerca de 1.500 são tão fáceis de visitar quanto a Lua.
Ainda assim, será preciso determinar quais são os mais promissores. Por
isso, o projeto começará pela ciência. A empresa pretende lançar, no
horizonte de 18 meses a 24 meses, um telescópio espacial de baixo custo.
Ele fará as primeiras observações para a escolha dos alvos e também
servirá de protótipo para sondas que serão enviadas a eles mais tarde, a
fim de mapear os recursos minerais presentes nos astros com maior
precisão.
Segundo Eric Anderson, codiretor da Planetary Resources ao lado de
Diamandis, essa fase deve durar cerca de dois anos, depois dos quais
começarão as missões que envolvem visitas de naves aos asteroides. Ainda
não há prazo para as primeiras extrações de minério.
As espaçonaves mineradoras serão todas não tripuladas. Missões de pouso e
coleta de amostras em asteroides já foram conduzidas antes (a sonda
japonesa Hayabusa é o melhor exemplo), de maneira que não há
impedimentos técnicos para o projeto.
Além de metais raros, como rutênio, ródio, paládio, ósmio, irídio e
platina, a companhia de mineração espacial espera extrair água de
asteroides. Nesse caso, o objetivo claramente não é trazê-la de volta à
Terra, mas sim atender a uma futura demanda no próprio espaço.
A água poderia servir para manter futuras colônias humanas em outros
mundos, como a Lua, ou ser convertida em combustível (na forma de
hidrogênio e oxigênio) para reabastecimento de espaçonaves em órbita.
É cedo para dizer se tudo isso vai mesmo acontecer. Mas dinheiro não
falta para bancar a empreitada quando há gente como Page, Eric Schmidt
(diretor executivo do Google) e Charles Simonyi (ex-executivo da
Microsoft que já fez dois voos de turismo à Estação Espacial
Internacional, pagando a "passagem" do próprio bolso).
James Cameron, por ora, empresta seu prestígio ao esforço como consultor
da companhia. Mas seus dólares continuarão firmemente presos ao chão.
fonte:folha.com
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