A adolescente morta a socos por uma boxeadora, namorada da própria
mãe, deixou duas mensagens em um caderno escolar poucos dias antes de
morrer em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Uma das cartas seria
entregue para Ana Luiza Ferreira, mãe da vítima, e a outra para
Elizabeth Fernandes dos Santos, suspeita de ser a assassina. Segundo o
delegado responsável pelo caso, as cartas foram anexadas ao processo e
provam que a garota não tinha um bom relacionamento com a família.
Ana Beatriz de Souza foi morta no último dia 15 de julho, dentro da
própria casa, no Jardim Anhanguera. Além da mãe, que já está presa,
Elizabeth e José Bento de Souza, ex-marido de Ana Luiza, também são
suspeitos de participar do crime e estão foragidos. O corpo da menina
foi encontrado na Rodovia Anchieta com várias fraturas e ferimentos pelo
corpo, além de sinais de esganadura.
A jovem escreveu dois bilhetes em cadernos escolares, que foram
encontrados na mochila deixada ao lado do corpo da menina. Em uma das
cartas, que seria entregue para a mãe, Ana Beatriz de Souza afirma,
entre outras coisas, que se sente uma intrusa na família. Já na outra,
que seria entregue para Elizabeth, a criança afirma gostar muito da
namorada da mãe. Para o delegado responsável pelo caso, Luiz Evandro
Medeiros, as cartas serão fundamentais para o desfecho da história. "Os
bilhetes vão mostrar para o juíz e para o promotor que a garota estava
tentando se reconciliar com a mãe e com a futura assassina. Mandei
juntar os documentos ao processo, porque fica claro que a garota estava
pedindo desculpas por algum desentendimento", explica.
Ex-marido
Segundo o delegado, quatro
investigadores foram até o bairro Jardim Real, em Praia Grande, para
apurar a denúncia anônima de que o pai adotivo de Ana Beatriz esteve no
local. A polícia confirmou que o suspeito de participação no crime
esteve no bairro até a última terça-feira (7), mas depois disso
desapareceu.
Para Luiz Evandro, as denúncias são positivas
para o andamento do caso. “Isso é altamente positivo e estamos
verificando todas as denúncias”. O delegado disse ainda que conta com a
ajuda de outras delegacias para a solução do caso.
Leia os bilhetes na íntegra
“Mãe, não sou uma boa filha, mas não estou fazendo essa carta para
que você chore ou fique com pena, só quero que saiba que eu te amo
muito. Mesmo não acreditando. Sou sua filha, mas às vezes sinto como se
fosse uma intrusa nessa família. Mesmo assim te amo e gosto muito de
você, da Beth e do Luiz. Desculpa por ser assim tão desobediente, é meu
jeito”.
“Beth, sei que tenho te tratado muito mal, mas quero
que saiba que não é porque não gosto de você, mas sinto que às vezes sou
intrusa. Fico muito sozinha e estressada. Mas eu gosto muito de você e
sei que sente saudade das suas filhas”.
Fonte: G1

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