quarta-feira, 6 de março de 2013

Ceará tem feriado inédito previsto para março

Pela primeira vez, feriado de 25 de março, instituído em 2011 por meio de emenda constitucional, cairá em um dia útil (Foto: Deivyson Teixeira/O Povo)
Desde o ano passado, o 25 de março tornou-se feriado no Estado. A data remete ao dia da abolição oficial da escravidão no Ceará, que, em 2012, caiu em um domingo. Emenda constitucional, de autoria do deputado estadual Lula Morais (PCdoB), aprovada em dezembro de 2011, na Assembleia Legislativa, instituiu o dia. Pela primeira vez desde que foi criado, o feriado será comemorado em um dia útil - a segunda-feira anterior ao feriado da Semana Santa, em 29/3.

Espécie de “pai” do feriado, o deputado Lula Morais destaca a importância de relembrar a data. Para o deputado, o dia refere-se ao pioneirismo do Ceará, “província que primeiro se movimentou no sentido da abolição”.
Segundo Lula Morais, o fato de o Estado haver se tornado o primeiro a abolir a escravidão em todo o País foi “tão relevante, que José do Patrocínio citava o Ceará como Terra da Luz e berço da liberdade”. Para o deputado, é motivo de orgulho ter sido autor da emenda. “É o cumprimento de um dever, de estar no parlamento e ser autor de uma emenda na Constituição que consagra de forma definitiva a data magna do estado do Ceará”, disse.

Críticas
Entretanto, historiadores cearenses criticam a instituição do feriado do dia 25 de março. Para o ex-diretor do Museu do Ceará e historiador Régis Lopes, a data “não tem importância histórica nenhuma” e a aprovação de uma emenda que determina um feriado nesse dia “mostra que os deputados têm que voltar a estudar História”.

“É uma data meramente simbólica. Se os deputados estudassem História, não teriam votado. É um retrato da ignorância, da falta do que fazer”, complementou Régis. Ele afirma que, para os historiadores, a data não tem significado de libertação. O historiador conta que, no Ceará, o escravo foi liberto porque tinha “pouca importância econômica”.

Lopes ainda afirmou que a data é oficial para a “história dos brancos”, pois os negros ainda continuavam a ser explorados na época. “Uma elite de brancos, com poucos escravos, começa a ler coisas que vêm da Europa e se sente mais humanizada, libertando os escravos. Toma pra si um fato que não foi de doação. Mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer”, argumentou.

Fonte: O Povo

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