A presidente Dilma Rousseff decidiu adiar a viagem de
Estado que faria em outubro a Washington, nos Estados Unidos, segundo
informou em nota nesta terça-feira (17) a Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República.
De acordo com a nota, "os dois presidentes decidiram adiar a visita
de Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados
a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi
alcançada".
A decisão foi motivada pelas denúncias de que a agência de segurança
norte-americana, a NSA, espionou a presidente, seus assessores e também
a Petrobras, segundo revelou o programa Fantástico.
"Tendo em conta proximidade da programada visita de Estado a
Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as
correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de
interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita
na data anteriorimente acordada", diz a nota.
Ainda de acordo com a secretaria, o governo brasileiro espera que a visita de Estado ocorra “no mais breve prazo possível”.
“O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de
maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo
possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica e
patamares ainda mais altos”, diz o texto da nota.
Dilma chegaria no dia 23 de outubro à capital dos Estados Unidos para
a visita de Estado. O único presidente brasileiro convidado para uma
viagem nestes moldes foi Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
A
viagem de Estado está na mais alta categoria diplomática entre dois
países e é realizada apenas duas vezes por ano pelos Estados Unidos. A
visita inclui diversas pompas e cerimônias formais, como revista às
tropas norte-americanas, visita às sedes dos três poderes e jantar de
gala na Casa Brancaoferecido pelo presidente Barack Obama.
Segundo informou o blog de Cristiana Lôbo, o governo avaliou que não
há garantias de que novas denúncias de espionagem não vazarão. O receio
da presidente, de acordo com o blog, é o constrangimento que uma nova
denúncia provocaria no momento em que ela estivesse nos EUA.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República:
Nota oficial
A presidenta Dilma Rousseff recebeu ontem, 16 de setembro,
telefonema do presidente Barack Obama, dando continuidade ao encontro
mantido em São Petersburgo, à margem do G-20, e aos contatos entre o
ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado e a assessora de Segurança
Nacional Susan Rice.
O governo brasileiro tem presente a importância e a diversidade
do relacionamento bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua.
Temos trabalhado conjuntamente para promover o crescimento econômico e
fomentar a geração de emprego e renda. Nossas relações compreendem a
cooperação em áreas tão diversas como ciência e tecnologia, educação,
energia, comércio e finanças, envolvendo governos, empresas e cidadãos
dos dois países.
As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de
cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato
grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e
incompatível com a convivência democrática entre países amigos.
Tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a
Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as
correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de
interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita
na data anteriormente acordada.
Dessa forma, os dois presidentes decidiram adiar a visita de
Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados a
um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada.
O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão
de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo
possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica a
patamares ainda mais altos.
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Federativa do Brasil
Fonte: G1
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