sábado, 7 de setembro de 2013

Profissionais migram para Mais Médicos para aumentar salário

Médicos responsáveis pelo atendimento primário em 12 capitais conseguiram se inscrever e foram convocados pelo programa Mais Médicos para atuar em postos de saúde e unidades de atenção básica dessas mesmas cidades.
Em alguns desses casos, os profissionais trocaram salários inferiores a R$ 3.000, pagos pela prefeitura e pelo governo do Estado, pelos R$ 10 mil da bolsa do programa do governo federal.


Essa troca de vínculo contraria as regras do Mais Médicos, que tem como objetivo principal reduzir o déficit de profissionais nas periferias das capitais e em municípios pobres do interior do país.
Na semana passada, reportagem da Folha revelou a iniciativa de alguns prefeitos de demitir profissionais e trocá-los pelos bolsistas do Mais Médicos, para aliviar as contas dos municípios.
Na ocasião, em nota, o ministério citou a existência de filtros preventivos no sistema de cadastro dos profissionais para evitar essas migrações.
E afirmou que "todos os médicos que já estavam cadastrados na Atenção Básica de um determinado município foram impedidos de se inscrever no programa para atuar nesta mesma localidade, o que impede a migração de profissionais para a bolsa do Mais Médicos dentro de uma mesma cidade".
Levantamento da Folha nas capitais do país, porém, localizou, em 12 delas, aos menos 22 profissionais que aparecem tanto no cadastro de profissionais de atenção básica como na lista dos convocados convocados para preencher vagas na primeira fase do programa federal.
Deles, alguns desistiram; outros já começaram a atuar. Entre os 22, 10 são chefes de equipes de saúde da família.
Esses profissionais, em alguns casos, foram escalados pelo Mais Médicos não apenas na mesma capital, mas também no mesmo posto de saúde em que atuava no contrato com a prefeitura.
É o caso do clínico geral Marcos de Santana, 38, que trabalha desde 2009 numa unidade básica de saúde de Boa Vista (RR). Chefe da unidade, ele diz que o salário pago pela prefeitura, pouco menos de R$ 7.000, era insuficiente para o sonho de se tornar cardiologista.
"Migrei de programa por causa do salário. Brigamos por melhorias na carreira, e surgiu essa oportunidade", afirma ele, que fez a inscrição no programa e continuará no mesmo posto de saúde. "Alguns colegas também tentaram e não conseguiram."
Em Salvador, dois profissionais que fizeram a migração da prefeitura para o Mais Médicos também continuam nos mesmos postos de saúde em que já trabalhavam.

Editoria de Arte/Folhapress
Um deles é o ex-vereador Celso Coelho, 65, hoje no PT.
Segundo Genilda Mello, gerente da unidade de Sussuarana, periferia da capital baiana, ele chegou a se despedir dos funcionários, no início da semana, mas na quarta-feira avisou que iria retornar. "Vai continuar com a gente, sim", disse Genilda.
O ex-vereador diz que é o único médico do local. "Pela quantidade e por ser uma das áreas mais carentes da cidade, resolveram me manter lá", afirma. Antes, recebia salário de cerca de R$ 7.000.
Em Fortaleza, o Mais Médicos teve efeito contrário no posto do bairro Conjunto Alvorada. A médica e chefe de equipe Soeli Teresinha, que trabalhava no local, preferiu aderir ao programa federal e se mudou para outro posto. Resultado: das três equipes de Saúde da Família, uma ficou sem médico.
Também em Fortaleza, a médica Greysiani Barbosa, 35, concursada da prefeitura desde 2006, se inscreveu no Mais Médicos pelo salário maior.
"Na hora que fui escolher apareceu a opção Fortaleza, então eu ia discutir? Não sei se foi erro do ministério ou se foi porque eles deram essa opção", afirmou a médica, chefe de equipe de saúde da família, que, mesmo convocada, desistiu do Mais Médicos depois de uma gratificação anunciada pela prefeitura.
Em Campo Grande, a Secretaria de Saúde confirmou a migração da clínica Denise Maria Rissato Camilo para o programa do governo federal. O salário dela vai pular dos atuais de R$ 2.353,07 para os R$ 10 mil do Mais Médicos.
fonte:folha de são paulo

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