O Ceará é o Estado brasileiro com o maior número de fraudes em
compras no comércio eletrônico nacional, envolvendo a modalidade de
pagamento com cartão de crédito. De cada 100 compras em lojas virtuais
feitas por consumidores que indicam um endereço de entrega no Ceará,
oito são apontadas como fraude ou tentativa de fraude, segundo avaliação
da empresa ClearSale, que oferece aos lojistas um sistema de
autenticação de compras na internet.
No ranking da
ClearSale, a incidência de fraudes nas tentativas de compras online no
Ceará supera a de outras unidades da Federação que também têm alto
índice: Bahia (7%), Maranhão (6,71%), Distrito Federal (6,27%) e
Pernambuco (6,22%). O cartão de crédito, foco da análise feita pela
empresa, é a modalidade de pagamento mais utilizada no comércio
eletrônico. No Brasil, segundo a Câmara Brasileira de Comércio
Eletrônico, as operadoras de cartão de crédito estimam que os prejuízos
causados por fraudes representem 4% do faturamento de uma loja virtual,
dependendo do setor.
O trabalho de autenticação
feito pela ClearSale procura evitar o uso indevido de dados de cartões
por criminosos, decorrente de roubo das informações. Enquanto nas
fraudes em lojas físicas o prejuízo fica com a operadora de cartão de
crédito, no comércio eletrônico o risco da operação fica por conta do
lojista. De acordo com Pedro Chiamulera, sócio-fundador da ClearSale, o
alto volume de fraudes no Brasil se deve muito à criatividade do
fraudador, que migrou do ambiente físico para o meio virtual.
"Hoje,
existem quatro principais tipos de estornos no e-commerce: a fraude,
quando o verdadeiro dono do cartão não fez a compra e está sendo
prejudicado por isso; a auto-fraude, quando o verdadeiro dono faz a
compra e dissimula que não a fez; a fraude amigável, quando pessoas
próximas do verdadeiro dono fizeram a compra e não existe má fé; e, por
fim, o desacordo comercial, que contempla todas as outras situações além
dessas", explica Chiamulera.
Os números do ranking
de estados, obtidos com exclusividade pelo Diário do Nordeste, são
resultado de uma infraestrutura tecnológica que funciona por trás do
negócio online. Os dados são coletados pela ClearSale através de seu
sistema que trabalha junto com alguns dos maiores sites do comércio
eletrônico nacional - como Submarino, Americanas.com, Saraiva, Gol,
Claro, Magazine Luiza, Ricardo Eletro e Carrefour.
No
momento da compra nesses sites, um software de inteligência avalia mais
de 150 variáveis que respondem sobre a probabilidade de ser uma fraude.
A análise é feita em 300 milissegundos e nem chega a ser percebida pelo
usuário que faz a compra à frente do computador. Mas, quando a
probabilidade de fraude é alta, a compra fica pendente e vai para uma
mesa de análise, onde a aprovação - ou recusa dela - é definida pela
própria equipe do site ou da ClearSale.
Segundo a
empresa, 18% costumam cair na avaliação manual. Nestes casos, o
consumidor virtual pode ter de esperar até 48 horas pela aprovação de
sua compra. Segundo a ClearSale, cerca de 2,5 milhões de análises são
feitas por mês.
De acordo com o estatístico Omar
Jarouche, coordenador e consultor de projetos na área de inteligência da
ClearSale, a fórmula matemática por trás do software de análise de
risco desenvolvido pela empresa leva em conta fatores como o endereço de
entrega, o Estado de origem do documento de CPF e a localização do PC
de onde foi originada a compra. "Trata-se de um trabalho preventivo que
beneficia o lojista e o dono do cartão de crédito", diz.
Descuido com cartão
Sobre
o fato de o Ceará e boa parte dos estados da região Nordeste estarem
entre os primeiros no ranking de fraudes, Jarouche afirma que os motivos
a serem ponderados não passam de especulação. "Podemos fazer apenas
especulações. É possível que no Ceará as pessoas sejam menos cuidadosas
com seus cartões. Isso pode ter a ver também com educação financeira",
comenta. Com o aumento do índice de fraude no Ceará, o executivo
confirma que, na análise, o fato de o consumidor avaliado ser deste
Estado acaba influenciando no cáculo do risco. "Mas o impacto é só na
demora da análise. Nunca cancelamos um pedido automaticamente", diz.
Com
um grande número de clientes de peso no e-commerce brasileiro, o
sistema da ClearSale cobre 85% de todos os pedidos do comércio
eletrônico nacional. Com isso, de cada dez pedidos, mais de oito já são
de consumidores "conhecidos" pela empresa. Entretanto, o coordenador de
projetos de inteligência da ClearSale afirma que não há riscos à
privacidade dos consumidores usuários dos sites de comércio. "Nossos
contratos limitam o cruzamento de dados", afirma, enfatizando que a
única informação trabalhada pelo sistema é voltada para a análise do
risco de fraude. Jarouche também destaca que os dados são armazenados em
servidores fora do país.
O executivo da ClearSale
também quer tranquilizar os usuários de cartões de crédito quanto à
segurança deste meio de pagamento. "O sistema é seguro. Basta ter
atenção com seu cartão para não deixá-lo acessível a outras pessoas e
proteger seu computador", aconselha.
Cresce número de tentativas de golpes em 2012
As
tentativas de fraudes em compras com cartão de crédito nas lojas da
internet no Brasil vêm crescendo. Apesar disso, o número de golpes
bem-sucedidos (sob o ponto de vista dos criminosos) apresenta uma
diminuição. A constatação é de um estudo realizado pela empresa
FControl, divulgado na semana passada.
Segundo o
levantamento, nos primeiros cinco meses deste ano, 3,88% das compras
online com pagamento com cartão de crédito foram registradas como
tentativas de fraude. Entre janeiro e maio de 2011, o índice foi de
3,63%. Ao longo de todo o ano de 2010, a parcela atribuída a tentativas
de fraude foi de 2,38% das transações.
Já os golpes
concretizados nas compras online com cartão de crédito, de janeiro a
maio deste ano, representaram perdas equivalentes a 0,24% do faturamento
do setor. Em igual período do ano anterior, os prejuízos ficaram em
0,32% da movimentação financeira do setor. Em todo o ano de 2010, as
perdas representaram 0,54% do faturamento. Em 2011, o comércio
eletrônico movimentou R$ 18,7 bilhões no Brasil. Em 2010, a receita foi
de R$ 14,8 bilhões. Para 2012, a previsão é de que o setor movimente R$
23,4 bilhões.
De acordo com o estudo da FControl, a
tendência de queda do volume de perdas também se verifica no cenário
mundial, à medida que se tornam mais eficientes as tecnologias para
limitar as ações dos criminosos. Em todo o mundo, o prejuízo resultante
das fraudes foi de 0,9% sobre o faturamento total do setor, contra 1,2%
em 2010, e 1,4% em 2009.
Incidência em 2011
1. Ceará: 8,18%
2. Bahia: 7,00%
3. Maranhão: 6,71%
4. Distrito Federal: 6,27%
5. Pernambuco: 6,22%
6. Pará: 6,12%
7. Amazonas: 5,20%
8. Rio Grande do Norte: 5,19%
9. Alagoas: 4,73%
10. Paraíba: 4,43%
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário