Os casos de coqueluche no Brasil aumentaram 114,8% entre janeiro e
outubro de 2012, em relação a igual período do ano passado. Até agosto, o
número de mortes tinha aumentado 91% (de 24 para 46), mas os dados
podem ser ainda piores, já que não estão contabilizadas, por exemplo,
três outras mortes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2012.
A
doença, que teve 90% dos casos identificados em menores de um ano de
idade, é considerado de difícil diagnóstico, já que o principal sintoma,
a tosse, é confundido com outras doenças, levando o médico a
identificar o mal como uma virose. Não existe no mercado uma vacina 100%
efetiva, além das crianças só completarem a imunização após seis meses
de vida.
"Essa é uma das dificuldades na coqueluche: você não tem
exames laboratoriais para confirmar. Ao suspeitar da coqueluche, o
médico deve instituir o tratamento específico. O que complica é que a
coqueluche acontece em uma idade em que vários outros vírus produzem
também tosse", explica o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, Jarbas Barbosa.
Quando se avalia os dados da coqueluche de forma
mais localizada no País, é possível identificar um aumento
significativo dos casos no Espírito Santo, onde as infecções cresceram
530%, em Santa Catarina, onde o aumento foi de 444%, no Rio Grande do
Sul, que subiu 344%, e no Paraná, onde o crescimento foi de 257%. Isso
gerou alertas das autoridades sanitárias locais. Em Porto Alegre,
escolas e postos de saúde foram notificados, além de associações médicas
se mobilizarem pelo diagnóstico precoce.
Vacina ineficaz
Segundo
o Ministério da Saúde, a doença passa por ciclos de 3 a 7 anos, que
fazem com que os casos aumentem em todo o mundo. As autoridades afirmam
que ainda não existem estudos conclusivos sobre os motivos, mas
suspeitam de modificações no agente causador da vacina (bordetella
pertussi), que faz com que a imunização perca sua efetividade,
aumentando o número de vacinados suscetíveis à infecção.
"A
coqueluche tem um comportamento, por razões não completamente
esclarecidas, no qual a cada período de sete anos tem um recrudescimento
dos casos. Isso é um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo,
desde o ano passado eles registram um número muito superior ao que era
visto nos últimos cinco anos, com mais de 21 mil casos em 2011, e isso
também ocorre em países da Europa", aponta Barbosa.
Para combater esse aumento de casos, segundo o secretário, os médicos
estão sendo orientados a levar a coqueluche em conta ao fazer um
diagnóstico, já que não existe exame laboratorial para isso. Também pode
ser adotada uma vacina para gestantes, a partir de 2013, que suprimiria
a janela de imunização a qual os pequenos ficam expostos até os seis
meses de vida.
"É uma doença muito comum,
porque nenhuma das vacinas disponíveis é completamente eficaz. Aquela em
uso atualmente é a melhor. Entretanto, entre o nascimento e os seis
meses, a criança está começando a criar seus anticorpos, tem apenas os
anticorpos da mãe para se proteger da doença. Essa estratégia de vacinar
as mulheres grávidas é para que os anticorpos transmitidos da mãe para o
filho durante a gestação aumentem a proteção da criança durante esse período, até ela completar o esquema de vacinação", afirma Barbosa.
Fonte: Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário